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Rotorua, NZ
Sexta-feira, 21/03/2014
Voltamos do parque Wai-O-Tapu e cheguei ao hostel as 16h30. O próximo compromisso seria uma noite no Tamaki Maori Village uma aldeia Maori, com apresentação de suas tradições, costumes e atividades artísticas que terminaria com um jantar típico. Não consegui tirar uma soneca, mas dei uma boa descansada para ficar acordado no show à noite. O ônibus viria me buscar as 19h00 e o sono estava ficando bravo.
Tomei uma boa ducha e coloquei uma roupa diferente. Gastei muito tempo para decidir qual das duas calças e das duas camisas eu iria usar! Eram muitas opções! Foi um dilema, afinal iria para um jantar com show. Como vida de homem é difícil!!
Era grande o meu interesse em conhecer mais sobre os primeiros habitantes das ilhas neozelandesas, o povo Maori. Principal preocupação do governo neozelandês, a população Maori tem alguns privilégios como assistência financeira, social e educacional para assegurar a inclusão social e evitar a discriminação que, historicamente, levava à violência e à criminalidade. Uma parte da sociedade neozelandesa questiona a eficiência da concessão desses privilégios, mas acham que é melhor assim do que sem os privilégios.
O passeio valeu e muito! Tudo na Tamaki Maori Village é divertido. A diversão começa no ônibus com as brincadeiras que o motorista faz enquanto dirige, todas muito divertidas como a escolha do líder da turma (cada ônibus precisa ter um líder que irá pedir ao chefe Maori a autorização para entrar na vila). A recepção é um show a parte (ver foto abaixo) com os maoris saindo uma a um da floresta.
Nas diversas cabanas são mostrados como cozinhavam, faziam arma, instrumentos que tocavam, seus cerimoniais. Tudo muito interessante e bem feito. Foi uma aula sobre seus costumes e como se relacionavam com essa natureza tão selvagem como a neozelandesa. Por exemplo, o cumprimento mais respeitoso é encostar os narizes .
As brincadeiras com os turistas são várias. Tentei escapar, mas não teve jeito. Paguei o maior mico tendo que pular pedaços de madeira em fila indiana. Não fiz feio, mas felizmente o último desafio - pular agachado - foi alarme falso, era só uma brincadeira e não precisei pular. Ufa! Iria ser um vexame.
O grupo em meu ônibus era grande e praticamente todos jovens backpackers. Foi sorte encontrar uma senhora canadense que também estava "deslocada" no grupo. Avó de dois netos, estava fazendo Phd em Neuropsicologia em Darwin, na Austrália e estava visitando a Nova Zelândia. Alguns integrantes do grupo foram convidados a ajudar na preparação do jantar que seria servido para nós e estava sendo cozido no chão ou em fogueiras, como mostram as fotos abaixo. Tudo no perfeito estilo Maori.
Antes do jantar foi realizado o show Maori com uma hora de duração e muito animado. Foram diversos números interpretados por homens e mulheres, e repleto de caretas e de gestos vigorosos, muitos lembrando a bonita dança realizada pelos jogadores do time nacional de rugby All Blacks antes do início de cada jogo.
Foi muito agradável e divertido. Antes do jantar teve open bar com refrigerantes, deliciosos aperitivos, vinho e outras bebidas alcoólicas à vontade. Rimos muito com as brincadeiras dos jovens, dos motoristas, dos guias, dos músicos e atores maori. Acho que um dos melhores temperos para a comida é a fome. Como o jantar foi servido as 21h00 qualquer comentário sobre a qualidade da comida será tendencioso, pois estávamos todos "varados de fome".
As mesas eram compridas e para conversar com os outros turistas vindos de todo o mundo, com a música maori ao fundo, era preciso falar alto para conseguir ser ouvido. Resultado? Minha voz ficou rouca e a garganta começou a doer um pouco. Também, porque a noite estava bem fria para brasileiro, com a temperatura abaixo de 11oC.
Lição aprendida #20
A preservação da cultura Maori é ponto de honra. Existe um reconhecimento oficial dos kiwi eurodescendentes de que os "primitivos" Maori sabiam, e ainda sabem, lidar com a natureza, sua fauna e flora melhor do que eles. Esse legado maori ganha destaque no momento em que ecologia e preservação ambiental são pontos de atenção para manter o presente e para construir o futuro da nação.
Contraponto
No Brasil, a cultura indígena é pouco valorizada e o indígena é tratado como um incapaz que necessita de suporte, essencialmente financeiro, para viver. Tornaram-se presas fáceis para pessoas e empresas interesseiras e mau caráter. Atualmente, parte significativa da população indígena brasileira sofre com o alcoolismo. Salvo umas poucas iniciativas individuais toda essa cultura milenar está sendo, literalmente, jogada no lixo.
Hoje foi dia de festa! Até a próxima quinta-feira, dia 24/07/2014.
Como é fundamental conhecer a origem de tudo.